domingo, setembro 07, 2008

Mulher Solteira Não Procura


Não é a primeira e com certeza não será a última vez que um post meu é inspirado no programa Saia Justa da GNT. Além de se tratar de um debate entre mulheres inteligentes, os assuntos escolhidos são sempre oportunos e proporcionam reflexão, sejam sobre filosofia, política ou banalidades do dia-a-dia.

Há algum tempo atrás as assisti falando sobre o casamento, sobre as mulheres decididas que sabem o que querem e que não se casam, permanecem solteiras por saberem exatamente o que não querem: a rotina de um casamento.

Infelizmente, por mais moderno que digam que o mundo esteja, por mais careta que tenha-se tornado o conservadorismo, as cabeças das pessoas continuam pequenas, fechadas e com dificuldade de enxergar um modelo de vida diferente daquele que nos foi imposto por séculos de história. Eu ainda escuto de mulheres jovens, mais novas que eu, "ah, o fulano é o meu número, lindo, alto, engraçado, inteligente, e o melhor de tudo, deve ser solteiro pois não usa aliança... se bem que, se ele ainda é solteiro, na idade dele, algum problema com certeza deve ter". É triste ver que este tipo de pensamento ainda é predominante nas cabeças dos jovens de hoje.

Vejam bem, eu não estou aqui fazendo apologia à solteirice eterna e nem dizendo que todo mundo deve ser de todo mundo e ninguém de ninguém. Uhuuuuuuuuuu. Socialismo galera!!! Não é isso. É que hoje em dia, graças a Deus, não existe mais a obrigação de constituir família até sei lá que idade. Cada um é livre para estabelecer suas próprias prioridades. Quem quer casar, por favor, case. Mas faça pelos motivos certos e não por medo da solidão.

Eu não gosto de dizer nunca às coisas, mas casamento não está na minha lista de prioridades de vida. EU quero construir algo pra MIM, não ajudar a construir algo pra NÓS. Até porque, em futura separação, o NOSSO acaba cortado ao meio. Egoísmo? Talvez. Mas no mundo de hoje quem não pensa primeiro em si não vive e não é feliz. Também tenho as minhas dúvidas sobre a possibilidade de um casamento dar certo. Ah, vocês vão dizer: "conheço um monte". Mas pra começo de conversa, o que é um casamento dar certo? Durar pra sempre? Claro que não. De nada adianta o pra sempre infeliz, insatisfeito. O pra sempre pra mostrar para os outros que é pra sempre, mas que no fundo morre de vontade que acabe o mais rápido possível. Acho que o único tipo de casamento que eu acredito poder dar certo é o no estilo Rita Lee: cada um em sua casa. E olhe lá. Porque a convivência entre pessoas diferentes, meus amigos, é a melhor maneira para desgastar um relacionamento e transformar o amor em algum sentimento menos nobre e belo. Aí alguns vão dizer que manter um casamento é um esforço diário que se deve fazer para relevar certas coisas. Um trabalho árduo, mas que vale a pena. Pois eu penso que se já temos um trabalho árduo no nosso dia-a-dia para sobreviver a este mundo cão, se já fazemos um esforço diário para acordarmos cedo, sairmos para trabalhar, ganharmos pouco e nos incomodarmos muito, a última coisa que eu quero é chegar em casa no fim do dia e encontrar mais esforço e trabalho árduo. Quero é paz.

E aí entra a questão da solidão. Esse mostro horrível que causa mais medo nas pessoas que o Freddie Krugger ou o Jason. Eu, particularmente, tenho mais medo de baratas, mas tudo bem. A solidão é deturpada e colocada como uma coisa ruim da qual todos devem fugir o mais rápido possível, antes que ela alcance. Mas a solidão não é isso. Ela não é nem pode ser um bicho papão que cause medo nas pessoas. A solidão é uma parte muito importante da vida. Todo mundo necessita ficar sozinho em algum momento. Aqueles que dizem que não estão mentindo.

Durante o programa, a Márcia Tiburi disse uma frase que ficou na minha cabeça: "um casamento só pode dar certo se as duas solidões conseguem conviver respeitosamente, sem uma interferir na outra". Eu concordo. Essa é a única maneira mesmo. Imagine você chegar em casa cansado(a) após um longo e estressante dia de trabalho, louco(a) para tomar um bom banho, comer alguma coisa, deitar em sua cama e ler um bom livro, no silêncio do cafofo, sem ver nem ouvir as reclamações de ninguém. Mas você não pode, porque no momento que você põe os pés em casa tem alguém te esperando, querendo conversar, contar como foi seu dia, exigindo sua atenção, monopolizando o seu controle remoto, fazendo barulho, etc, etc, etc.

E se realmente existe alguém que dedica absolutamente todo o tempo da sua vida à convivência social, eu tenho pena desta pessoa. Os momentos de silêncio, em que estamos sós pensando na vida e nas coisas do dia-a-dia, ou não pensando em nada, são maravilhosos. Estar sozinho é na verdade estar na melhor companhia do mundo: a própria.

3 comentários:

Cássio Machado disse...

Concordo muito com o seu texto.A solidão não se deve temer. O casamento é algo que eu acho desnecessário, acho que hoje em dia não significa mais nada. O amor conjugal, entre duas pessoas, eu acredito que não seja para todos, as pessoas não se permitem, em fim é uma confusão, umas pessoas querem se isolar, outras galinhar, eu não acredito mais no casamento, e algo me diz que o amor é um conto de fadas que está sucumbindo com a modernidade, com a individualidade...Isso é certo, teremos um amento no índice de suicídios...abração!

Trevas disse...

Apesar de não gostar do saia justa e achar que a Maitê Proença está muito longe da classificação inteligente, admito que ainda há muita caretice quando se fala de relações humanas. As pessoas ainda não soltaram as amarradas sobre o que "devem" ou "não devem" ou "precisam ter" para serem felizes. Enquanto não pensarem por si mesmas o que querem pra suas vidas continuarão a viver sob a pressão do que é "correto".

CarolBorne disse...

Digo e repito, o mundo é legal, são as pessoas que o estragam com esse monte de pré-conceitos e pré-concepções.

Acredito que é bem possível ser feliz sem fazer de outra pessoa a muleta emocional da minha vida.

Foram quatro anos de terapia e muito auto-conhecimento pra chegar até aqui, mas valeu a pena!