sexta-feira, novembro 17, 2006

Mortos que voltam




Eu adoro Almodóvar, acho o cara um gênio e dono de um estilo único, marcado pelas cores estouradas e pelas mulheres fortes e enlouquecidas. Depois do fraco Má Educação, esperava uma volta que veio com tudo, começando pelo título. Volver é um retorno ao universo feminino, ao exagero das cores, às antigas parcerias e à região de La Mancha, no leste da Espanha. Se o vento dos cata-ventos enlouquece os moradores da aldeia eu não sei, mas que rende ótimas histórias, rende.
Sem lições de moral batidas dos filmes de Hollywood, que precisam sempre de um longo prólogo pra espiar as culpas e no qual o mocinho – mesmo fudido – sempre se dá bem, o diretor espanhol consegue passar em pequenos detalhes a tônica de cada personagem. Nem tão ao bem e nem tão ao mal, o maniqueísmo não tem vez nessa história, onde a culpa é bem guardada por anos e em refrigeradores.
Além de Carmen Maura, com quem Almodóvar não trabalhava há quase 20 anos, retorna nesse filme a atriz Chus Lampreave de A Flor do meu segredo e de O que eu fiz para merecer isso? Os mortos também voltam nesse roteiro, mas nada é o que parece ser. Entre a comédia, o drama e o noir situa-se Volver. Bem-vindo de volta Almodóvar.

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