sexta-feira, novembro 03, 2006

Jornalismo: profissão perigo




Eu já cheguei na pauta com medo. Vai que vão me oferecer o treco e por educação – minha mãe sempre disse pra ser gentil com os outros e não fazer cara de nojo diante de estranhos – eu teria que experimentar.
Tudo ia muito bem, perguntas aqui, comentários irônicos ali. Sorrisos. Click, click, fotos. Brinquei de produção. E adorei. Mas quando já estava quase indo embora, agradecendo a gentileza e tal. Veio a pergunta em forma de oferecimento: - Vai embora sem provar?
Pronto. Engoli seco e lancei um olhar cúmplice pro fotógrafo. Sentei e esperei. Não podia fazer cara de nojo. Não podia fazer cara de nojo. Eu repetia mil vezes. Como eu odeio essa culpa-moral-judaico-cristã que socaram na minha cabeça desde a ida infância. Devia ter levantado ido embora e dado uma desculpa deslavada. Mas, não. Fique lá.
Garfo e faca na mão. Peguei um pitaco. Mastiguei, mastiguei, mastiguei. Uhum... tinha uma consistência estranha, porém – Surpresa – o gosto era bom.
Pronto, tenho que confessar: comi soja e gostei. Quem diria que proteína de soja texturizada preparada com um monte de condimentos indianos fica tri apetitoso. Não que fosse a minha primeira vez provando soja, mas acho que antes não estava com o paladar preparado. Mas, não, não abandonarei a minha carne vermelha suculenta esturricada no espeto. Foi apensa uma prova de fogo.

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