terça-feira, setembro 26, 2006

Cenas de cinema

Qualquer um que se julgue um conhecedor de cinema deve saber que em um bom filme é composto por uma série de elementos que ajudam a prender a atenção do público. Os mais inteligentes e engenhosos têm até a capacidade de pregar peças no espectador. Revelando pouco, confundindo muito e terminando em um final surpreendente. Isso torna uma ida ao cinema uma viagem enriquecedora e prazerosa.
Os personagens são outro fator a se considerar para obter um bom resultado. É preciso ter figuras cativantes - de heróis, zé ninguéns a vilões - para envolver as pessoas quando estas já estiverem entediadas diante de mais uma obra prevísível. O roteiro fecha a tríade de sucesso de crítica e bilheteria. É necessário saber contar uma história, acrescentar os ingredientes aos poucos, misturar situações, tirar o público da mesmice.
E nunca - NUNCA - se precipitar. O pior erro de um cineasta que se acha gênio - talvez o novo Ingmar Bergman da geração 00 - seja entregar o seu final de bandeja nas primeiras cenas. Ele precisa ser como um enxadrista, traçar e antecipar as jogadas do espectador antes que este lhe dê um xeque-mate, levante e saia do cinema 15 minutos depois do filme ter começado.
E esse erro fatal geralmente está ligado à arrogância do diretor ou à prepotência do roteirista - ou aos dois - que julgam que o seu público final é formado por débeis mentais que não sabem juntar lê com crê e que mesmo diante de truques batidos e velhos clichês vão perder seu tempo precisoso ou se revelar diante de mais uma tentativa frustrada de alcançar o sucesso.
E, além de mostrar todos os propósitos do seu roteiro de cara, escolhem os piores atores para representar comédias da vida privada de oitava categoria. Acordem cineastas! As velhas fórmulas não colam mais em macacos velhos, cansados de sessão da tarde. Está na hora de partir para o cinema adulto. Até o Clouseau teria se saído melhor como detetive patético.

Nenhum comentário: