quarta-feira, agosto 23, 2006

Saída de emergência!

Parecia a noite mais fria do ano. A conversa gélida ajudava a piorar tudo. Ela não olhava para os lados e perguntava-se como tinha se metido nessa situação de novo. Estava ali, em plena noite de sábado, com pessoas que achava que conhecia. De quem até gostava, mas com quem não convivia. O que talvez devesse ter permanecido desse jeito por outros tantos meses.
A colher girava furiosamente no fundo da taça de chocolate quente, como que para distrair os pensamentos e palavras que queriam fugir pela boca. Pois sim, a situação estava no limite. Os assuntos eram banais e os comentários e julgamentos de sempre estavam no limiar de surgir. Permanecia quieta, enrolando os fios da manta que caía pelo colo. Alguns acabaram ficando entre os dedos e terminaram no chão, assim como o seu bom-humor.
Mediu as palavras, engoliu em seco, mas quando menos esperava uma frase dita no meio de mais um papo sobre banalidades do mundo foi o estopim que seus algozes esperavam: - Ninguém é imparcial!
Pronto! As frases feitas apareceram e foram florescendo de acordo com o script já imaginado. Revoltada, rebelde, melindrosa... todas elas como a velha cantilena ouvida desde pequena. Só ficou no ar a preferida deles: tu tem o gênio do teu pai. Sim, ela tem e daí. Se tu não tem a capacidade de debater qualquer coisa que fuja do assunto cama- cozinha-trabalho. Vai se ferrar. Mais um sapo engolido, ela olhou por todos os lados, empurrou a cadeira com força e saiu correndo pela porta de emergência. E colocou um ponto final naquele roteiro de última categoria.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sem comentários... siesque...