segunda-feira, junho 19, 2006

Vamos fugir... desse lugar



Sábado foi um dia estranho. Começou com reunião de trabalho, passou pela preguiça de voltar para uma aula com a qual não conseguia me sintonizar, circulou pelo jogo da Itália com os Estados Unidos, aliás a única partida até agora que me fez ficar na frente da tevê torcendo, e terminou com uma vontade louca de ir embora... pra qualquer lugar.
Depois de semanas tentando ver Caché com a Juliete Binoche e o Daniel Auteuil, conseguimos encaixar todos os horários e rumamos – claro que depois da última partida de futebol do dia (argh!) – para o aeroporto, pois o filme só está em cartaz por aquelas bandas. A história de Caché é bem interessante, apesar do final que até mesmo para um filme francês é aberto demais. Mas, o que mais me impressionou mesmo naquela noite ocorreu fora da sala de projeção. Pegamos a escada rolante, cada um tecendo suas teorias para a cena derradeira vista a pouco, e fomos para o andar de baixo onde fica a parte de embarque, a loja de chocolate da Prawer e uma mega banca de revistas.
O espaço pra chegar da escada rolante até a banca me pareceu interminável. Ficava olhando aquelas poucas pessoas empurrando os carrinhos em direção aos guichês. E, admito, fiquei com uma inveja danada de cada uma delas. Olhei para o enorme marcador que fica na parede logo acima da área de despachar as malas e as letrinhas vermelhas dos destinos pareciam piscar pra mim. O vôo mais próximo seria em uma hora para Montevidéu. E, eu como uma das crianças ranhetas que ficavam puxando os braços dos pais, fiquei dizendo: eu quero ir, eu quero ir, agora. Vamos embora, pra qualquer lugar. E fiquei martelando isso a noite toda.
Alguma coisa naquela cena toda, o silêncio do aeroporto às dez da noite, o vôo logo em seguida, mexeu demais comigo, com a sensação de que falta um pouco de aventura, de arriscar tudo, mesmo que seja pra dar com os burros n’água. Queria ter embarcado naquele avião, sem grana, sem mala, sem expectativa nenhuma. Só partir, ver coisas e pessoas novas, sair, voar, ir pra longe. E, pior, a sensação ainda ta aqui meio apertada contra o peito.

5 comentários:

CarolBorne disse...

Ahãm! Eu ando pensando muito em física quântica... se é verdade que presente, passado e futuro podem existir simultaneamente, por que eu não conigo ficar em Paris poor cinco segundos???

Penkala disse...

é engraçado, eu respeito e não vejo nenhum problema nessa ânsia, mas eu estou sempre querendo ficar. sou mais árvore, menos passarinho.

o texto ficou bom, fia. bem bonito mesmo.

Trevas disse...

Ana, a gente é como água e fogo. Não adianta, a gente nunca vai combinar em nada, eu acho. E eu continuo odiando Valentin (só pra não deixar passar). Hahahaha

Camila Barth disse...

Queres uma sugestão?


LONDRESSSSSSSSSSSSS

Trevas disse...

Camila, adoraria ir te visitar e te irritar pessoalmente com o meu pessimisto. Saudades tuas!