Eles se conheceram num bar.
Ele travado, ela também.
Mas ela achou que valia a pena, apesar das marcas de pés eternizados na bunda, pensou que podia arriscar.
"Ok, ele não é o meu número... parece o Ayrton Senna, sem a grana e a fama, mas me ganhou pela conversa inteligente e por gostar do George Harrison... além de tudo é gentil e engraçado".
E, depois de meia dúzia de drinks, já meio altos, decidiram ir embora.
Acabaram na casa dele, com beijos no sofá, alguma resistência e uma sensação estranha dela, de que a coisa estava meio errada, apressada, confusa mesmo.
- Melhor não... sei lá...
- Ah, você é tão linda...
- Que nada, você bebeu demais...
- Não bebi, não... você é linda, sim! Eu é que não sou grande coisa...
Entre beijos e pernas enroscadas, etilizados demais pra dizer alguma coisa, ela só queria escapar dali.
Não que tivesse detestado dividir um orgasmo com ele... o problema era aquela vontade de relaxar e aceitar o convite pra passar a noite ali...
Como explicar que tinha gostado dele, de cara, sem que ele pensasse que ela era louca?
Todas as conversas com as amigas, as teorias sobre não mostrar interesse quando estivesse com um cara, pra deixar na dúvida... embora se sentisse tonta demais pra pensar nisso agora, recolheu as roupas e pediu um taxi.
- Fica aqui, dorme comigo, ele pediu mais uma vez.
- Não dá, respondeu ela, não dá mesmo!
"Mas que merda, porque eu aceitei vir pra cama dele? Justo eu que não quero saber de envolvimento"...
- Por que?
- Eu não posso!
"Porque eu gostei de você, da nossa conversa, queria ter esticado mais o papo, ter feito você me conhecer melhor, porque bebi além da conta, e vou me arrepender por não ter estado sóbria o suficiente pra adiar essa trepada selvagem-que-vai-ser-esquecida-assim-que-o-dia-amanhecer".
- Tá, a gente se fala, então...
- Impossível! Não trocamos telefones! Ela quase gritou.
- Então me diz o teu número, ele falou enquanto ligava o celular.
- Tá, é 9999-0000. Meu taxi chegou! E voou porta afora, como uma doida.
"Merda".
Merda foi a falta de jeito depois, quando ela bancou a mulher desencanada, afim de um repeteco e ele fugiu pela tangente.
Depois de mais uma tentativa sem sucesso, ela se desculpou e contou que ia passar uns dias fora da cidade, que precisava arejar a cabeça.
Horas depois, no meio da noite, já na estrada, o celular indicou a chegada de uma mensagem dele: "Boa viagem! Aproveita!"
Ela leu, releu e chegou à conclusão de que a história deles acabou do mesmo jeito que começou.
"Fim de caso".
terça-feira, outubro 11, 2011
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3 comentários:
O que vale é o presente!!!!
E você viveu o presente do jeito que tinha que viver:INTENSAMENTE
Sou a favor
Bj da Dèo
muito bom o texto!!
beijos
poxa, que delícia de texto.
de correr os olhos sem cansar. a propósito, acho Ayrton um charme! rs
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