segunda-feira, maio 15, 2006

Mulheres emparedadas



Essa lenda urbana eu ouvi hoje de noite e não paro de pensar nela. Numa pequena cidade do México, perto da fronteira com os Estados Unidos, havia uma casa de azulejos que só pela beleza arquitetônica já atraia olhares. Porém, uma placa discreta pendurada em uma das paredes identificava o local como Casa da Mulher Emparedada. A curiosidade da pessoa que me contou a história a levou a perguntar pros moradores do que se tratava. Como toda cidade tem a sua história fantástica, nesta não podia ser diferente. Quando estavam fazendo a restauração da casa, para recuperar a fachada de azulejos, encontraram entre as paredes um esqueleto de uma pessoa de pé. Pelas jóias que estavam presas aos ossos, acreditaram que era uma mulher.
Os moradores dessa cidadezinha – desculpa não consegui guardar o nome – afirmaram que nas noites de lua cheia é possível ver um vulto saindo da casa, dando uma banda e retornando para o mesmo lugar. Como o gato morreu de curiosidade, minha contadora de histórias foi atrás para descobrir o que ela acharia no amigo google sobre “mulheres emparedadas” e descobriu que este era um castigo que turcos e outros povos aplicavam a mulheres que traiam seus “ricos” esposos. As mulheres eram enterradas vivas! Pois a crueldade humana não tem limites. Me lembrei do argentino que fez a mesma coisa com a mulher dele num bairro chique da capital.
Outra curiosidade que ela achou foi que para o cimento fixar, as mulheres deveriam estar imobilizadas, pois caso contrário ele não pega. E ela fez uma analogia incrível. Mulheres emparedadas podemos ser todas nós, que por algum motivo estamos imobilizadas diante da vida. Estamos estagnadas e não fazemos nada. Nos falta força, coragem, convicção ou até mesmo amor próprio. As paredes que erguemos para nos impedir de ir adiante são invisíveis e talvez por isso ainda mais difíceis de serem derrubadas. E já que não dá pra chutar as pessoas, vou começar a chutar as minhas paredes.

2 comentários:

Penkala disse...

adorei o post, já te disse. e já te disse também que isso me lembra muito o edgar. eu tenho medo de emparedamento desde os 12, quando conheci o edgar.

agora sim o morte tá macabro!

Raquel disse...

vou ter que repetir o que já foi dito antes: muito bom este post! Não sabia das mulheres emparedadas. Fascinante e macabro. E abaixo com as paredes!